Baloiço
Ela ia e vinha, ia e voltava, com um som de vento norte nos ouvidos, mas que tinha reverberações de coisa morna, porque prazenteira.
O Alberto empurrava o seu baloiço de menina, num ambiente de tela impressionista, com a luz de ouro em tarde de Maio.
O Alberto empurrava o seu baloiço de menina, num ambiente de tela impressionista, com a luz de ouro em tarde de Maio.
Aquele movimento cadenciado ondulava-lhe o corpo, num saboroso vaivém de autista.
- Dá-me a tua força, Alberto! Prende-me à tua energia! Tu és menino pequeno e delicado, mas estás aqui a brincar comigo, como se isto fosse o cenário que justifica o filme de toda a tua vida. Há um spot de sol; há um vento que chega para dar rebeldia ao teu cabelo, que cheira quase a berço, e as tuas mãos devem estar a ficar cansadas, no teu acto de solidariedade para com a pequenez do meu corpo. Mas... não me empurres mais! Agora, fica sentado, a olhares-me nesta cena que se abre em noite e, quando eu deixar de sorrir, leva-me para casa, devagarinho, que eu te direi adeus, até amanhã, num aconchego de olhares que nunca mais alguma vez se cruzarão...
©reginachocolate
<< Página inicial