Olhares
Queria a cor que os seus olhos lhe roubavam...
Olhava as fotografias que a sua memória insistia em manter a cores, mas os seus olhos só se inclinavam para textos de frases sujas, cinzentas de lixo!
Regina, onde está a luz?
Organizava fotografias de momentos despreocupados e felizes, mas acabava por fazer delas uma pasta de papel colorida, onde coabitavam folhas de árvores, linhas de caminhos de ferro, monumentos centenários, intimidades de carinho sem vício e o seu mais transparente e sincero sorriso.
Tudo se misturava, agora, num caleidoscópio de vazios, que a memória não conseguia arquivar com rótulo.
Regina fez, então, de tudo isso, uma escultura que nunca sairá a público e foi, como rainha sem reinado, deambular sozinha pelo bulício de Lisboa, à procura de muito(s) nada(s), sabendo que, mesmo assim, haveria de ter histórias de várias flores não regadas e alguns olhos de cães vadios e mansos, tão tristes e tão sós como os seus.
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