Suborno...
Vai uma família para férias - uma mãe, um pai e dois pequenos filhos!
Escolhem um destino - a Ilha da Madeira, com as suas imponentes ravinas e os seus horizontes de água mansa...
A alegria é comum a todos - descontracção de músculos e pensamentos.
O tempo está cálido e os sorrisos dão-se sem tempo.
As crianças brincam ao faz-de-conta e, num segundo imperfeitamente real, uma delas cai, com corpo quente e suado, ribanceira abaixo, deixando as suas humanas marcas, de pedra em pedra...
Corpo que arrefece, mas que pulsa; cuidados intensivos para dar vida a um ser entre esta e qualquer coisa de negro e silencioso.
À medida que os dias vão passando, retoma-se a voz, recrudesce a esperança.
Um menino que se reanima e reaviva.
Regina, inventando um timbre firme e nada vacilante, aconchega com palavras uma mãe que, naquela ilha, anseia por exorcizar pesadelos.
É em alturas como esta que Regina lamenta não acreditar em deus, fosse ele qual fosse, para o subornar com doces, com sorrisos, com uma sussurrante frase: - Que este ser não se vá, como foram dois dos seus irmãos!
3 Comentários:
Às 14 de abril de 2007 às 15:20:00 WEST ,
Anónimo disse...
Há um ditado chinês, muito antigo, que diz: "Ama-o quando ele menos merece que é quando ele mais precisa". A escrita intimista de Regina, passo a passo, exorcisa fantasmas.
Às 14 de abril de 2007 às 18:13:00 WEST ,
www.reginachocolate.blogspot.pt disse...
Regina sempre se faz acompanhar da felicidade e da tragédia - procura que a primeira vá emergindo, enquanto imerge a segunda, onde as imagens de corpos de cera, pequenos e inertes, nunca se diluirão, completamente, no seu cérebro.
E se há realidade a que nunca deixou de estar atenta, foi à da morte prematura, demasiado prematura...
Deus não existe, efectivamente.
Às 15 de abril de 2007 às 16:41:00 WEST ,
Anónimo disse...
Deus assume a dimensão do nosso coração. Seria pretensão acreditar que o podemos "comprar" ou "subornar com doces e com sorrisos"... mas a solidariedade, o amor, a paixão pela vida (a nossa e a dos outros)são sentimentos excessivamente GRANDES para terem sido "inventados" pelo Homem... DEUS?? Chamemos-lhe como quisermos... mas há REALIDADES que nos ultrapassam...
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