De Londres, com amizade...

Teve um presente; um presente que estava, havia meses, guardado em secreto embrulho - vermelho, luzidio e macio.

Sabia que tinha sido concebido e realizado por alguém com quem trocava gentilezas e algumas palavras fora da sua fala de leite.

Encontravam-se, por vezes, num britânico chá das cinco, não sabendo mais uma da outra do que o gosto pelos gatos e por mais qualquer coisa de caseiro e de afável.

De que falaria aquele presente, havia meses guardado em secreto embrulho vermelho?

Deixou-se estar a olhar para ele e a adivinhar o que é que aquela mulher, com a qual apenas trocava pequenos nadas, teria para lhe oferecer.

E viu-a com gato, sorriso e azáfama, numa casinha de uma Londres de Conto de Fadas, a tricotar um cachecol com as cores de que muito gostava - era um matizado de rosa, roxo e lilás, tão caro ao seu olfacto, por causa das alfazemas ou Lavender...

Quando, finalmente, se decidiu a abrir aquele vermelho embrulho, teve um enorme conforto junto à pele. Ela, que sempre, e cada vez mais, receava novo Inverno, pensou, muito tranquila: - Quando ele chegar, que chegue; que eu vou estar por dentro deste mágico e colorido agasalho e não vai haver, nunca, nunca mais, qualquer frio branco que me derrube.

©reginachocolate