Caixas de presentes... passados
"Eu sou Aquela de quem tens saudade,
A princesa do conto: Era uma vez..."
Florbela Espanca
Regina ficou com estas palavras a embalarem-lhe a noite, num entorpecimento sorridente, aconchegada a si, por dentro de uma placenta de édredon de luas.
A princesa do conto: Era uma vez..."
Florbela Espanca
Regina ficou com estas palavras a embalarem-lhe a noite, num entorpecimento sorridente, aconchegada a si, por dentro de uma placenta de édredon de luas.
Contou-se contos de passados felizes, em narrativas caleidoscópicas; retomou o nome de múltiplas personagens e saltou de cumplicidade em cumplicidade, olhando os rostos esfumados que à sua frente a percorriam, em lembranças de peso-pluma, numa inenarrável acalmia.
Relembrou jantares de mesa de festa interior e, com cada um dos seus príncipes efémeros, brindou à Vida, bebendo a si e aos seus amores, em memórias apaziguadas.
Sabia que acabava por ser sempre assim que acontecia a todas as pessoas que não possuíam neurónios com sinapses de maldade - ficavam, inevitavelmente, com os seus amantes guardados em caixinhas de presente que, embora nunca mais o fossem, se arrumavam num passado distante, sem necessidade de recurso à naftalina... Elas não precisavam de ser assim tão bem conservadas! Era até importante que se fossem tornando filigrana bordada por descoloridas traças, desfazendo-se em esquecimentos lentos mas resolutos.
Relembrou jantares de mesa de festa interior e, com cada um dos seus príncipes efémeros, brindou à Vida, bebendo a si e aos seus amores, em memórias apaziguadas.
Sabia que acabava por ser sempre assim que acontecia a todas as pessoas que não possuíam neurónios com sinapses de maldade - ficavam, inevitavelmente, com os seus amantes guardados em caixinhas de presente que, embora nunca mais o fossem, se arrumavam num passado distante, sem necessidade de recurso à naftalina... Elas não precisavam de ser assim tão bem conservadas! Era até importante que se fossem tornando filigrana bordada por descoloridas traças, desfazendo-se em esquecimentos lentos mas resolutos.
A recordação de festas e mais festas, doçuras e mais doçuras, mimos e mais mimos deu-lhe uma languidez de mulher saciada adormecendo, devagarinho, ao som do sussurro da sua involuntária respiração.
2 Comentários:
Às 28 de outubro de 2006 às 12:15:00 WEST ,
ZOOM & PALAVRAS disse...
Costumo gostar de PALAVRAS... elas clarificam-me, clarificam a minha história .. as minhas histórias. Desta vez, porém, considero-as desnecessárias ... a minha "placenta" não é um "edredão de plumas", mas o próprio sabor doce por ter vivido a vida exactamente como a vivi ... por conservar as minhas recordações de "festas e mais festas, doçuras e mais doçuras, mimos e mais mimos", agradecendo sabe-se lá a quem por "não ter neurónios com sinapses de maldade" e pedindo ao destino que conserve os meus saudáveis neurotransmissores! Um abraço. A "borboleta é LINDA!"
Às 31 de outubro de 2006 às 10:30:00 WET ,
Anabela e Madalena disse...
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