Ópera
Andou anos a preparar toda a cena...
E, hoje, dava-lhe a forma que a sua sensibilidade madura lhe facultava.
Sabia, previamente, que tinha de haver uma catadupa de emoções, mas essa era a realidade que sempre a conduzira no palco da existência.
Escolheu, com paciência de perito, estruturas, materiais, tecidos, instrumentos musicais, vozes e personagens - duas, como sempre quis.
Montou um palco de vidro translúcido, sob o qual passava um regato de transparência de água lavada e encostou-o à colina rochosa de uma qualquer serra do mundo - apenas era necessário que a habitasse um silêncio de breu.
Pensou numa frase de poeta que lera, há dias, e que lhe conduziria o caminho: Precisamos de amores e amantes à altura das lendas inventadas pelos nosso espíritos...
Ligou amores e amantes num só vocábulo, por lhe parecer absurda essa diferenciação, e continuou com a sua empresa de obra a construir...
Do silêncio nocturno fez emergir os sons, deixando aos pássaros de cantos eternos a escolha dos instrumentos - havia pianos, clarinetes, oboés, violinos, violoncelos, harpas e toda uma panóplia de brilhos de metal e madeira, que abriam clareiras de luz em desafios de claves de Sol...
Postos os sons, fazia agora crescer a cena...
Ele estava só, ouvindo acordes de esperança que lhe reconfortavam emoções sem palavras. Em cena, estava só e sozinho - mudo e estático. As suas vestes de veludo púrpura davam-lhe a solenidade de um encontro que tinha hora sempre adiada, num relógio quase parado de desistência.
Então, agitaram-se as águas do regato, que escorria sonoridades sóbrias, sob o palco de vidro translúcido, como ela insistia que assim fosse, em frequentes obstinações estéticas...
E, hoje, dava-lhe a forma que a sua sensibilidade madura lhe facultava.
Sabia, previamente, que tinha de haver uma catadupa de emoções, mas essa era a realidade que sempre a conduzira no palco da existência.
Escolheu, com paciência de perito, estruturas, materiais, tecidos, instrumentos musicais, vozes e personagens - duas, como sempre quis.
Montou um palco de vidro translúcido, sob o qual passava um regato de transparência de água lavada e encostou-o à colina rochosa de uma qualquer serra do mundo - apenas era necessário que a habitasse um silêncio de breu.
Pensou numa frase de poeta que lera, há dias, e que lhe conduziria o caminho: Precisamos de amores e amantes à altura das lendas inventadas pelos nosso espíritos...
Ligou amores e amantes num só vocábulo, por lhe parecer absurda essa diferenciação, e continuou com a sua empresa de obra a construir...
Do silêncio nocturno fez emergir os sons, deixando aos pássaros de cantos eternos a escolha dos instrumentos - havia pianos, clarinetes, oboés, violinos, violoncelos, harpas e toda uma panóplia de brilhos de metal e madeira, que abriam clareiras de luz em desafios de claves de Sol...
Postos os sons, fazia agora crescer a cena...
Ele estava só, ouvindo acordes de esperança que lhe reconfortavam emoções sem palavras. Em cena, estava só e sozinho - mudo e estático. As suas vestes de veludo púrpura davam-lhe a solenidade de um encontro que tinha hora sempre adiada, num relógio quase parado de desistência.
Então, agitaram-se as águas do regato, que escorria sonoridades sóbrias, sob o palco de vidro translúcido, como ela insistia que assim fosse, em frequentes obstinações estéticas...
É que Regina queria que aquele homem a visse, que ele a namorasse naquela velatura de vidro e noite.
Assim, ao som triunfante dos metais, saiu das águas frescas, cheirando a perfume de limos verdes e sorriu, porque ela sempre sorria, assumindo-se numa transparência de tecidos leves que se lhe colavam aos poros, deliciosamente húmidos.
Já no palco, perante a majestade de um homem vertical, cantou e dançou através de uma voz melodicamente corporizada.
A encenação que a seguir esboçou está no segredo, não dos deuses, mas dos homens - dois seres humanos que deixaram a ribalta para, nos bastidores, construirem, peito contra peito, a grandiosidade do que a boa vontade humana sempre terá para dar - O Amor, em presença e em justificação de Ser!
Assim, ao som triunfante dos metais, saiu das águas frescas, cheirando a perfume de limos verdes e sorriu, porque ela sempre sorria, assumindo-se numa transparência de tecidos leves que se lhe colavam aos poros, deliciosamente húmidos.
Já no palco, perante a majestade de um homem vertical, cantou e dançou através de uma voz melodicamente corporizada.
A encenação que a seguir esboçou está no segredo, não dos deuses, mas dos homens - dois seres humanos que deixaram a ribalta para, nos bastidores, construirem, peito contra peito, a grandiosidade do que a boa vontade humana sempre terá para dar - O Amor, em presença e em justificação de Ser!
1 Comentários:
Às 25 de abril de 2006 às 23:11:00 WEST ,
Anónimo disse...
...acabo de escutar a tua "ópera"...
diria até que conheço : o cenário, o "libreto"..
mas certo mesmo , é que a música desperta os ecos de tantas emoções !!!
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