Perfume de mãos
Regina aqui está - instalada num presente que a continua a presentear com a possibilidade de diálogos afectivos...
Cada vez menos enceta monólogos de sensações, encostada à certeza de encontrar sempre eco para o suor das suas emoções mais recônditas.
Acaricia as mãos nuas de quem, com uma afectividade aberta à sua, lhe dá desafios de saborosa privacidade.
Ela, finalmente, aprendeu que, na sua vida, convém não acalentar a ideia de poder descobrir grandes amores; grandes e perpetuamente dedicados - não só porque eles talvez não existam mas, também, porque ela não os pode preservar.
Assim, segue em frente, partindo da surpresa do encontro e fruindo, passo a passo, o sempre provisório vínculo, até ao desencontro inevitável e real.
A vida, a longo prazo, deixou de fazer parte da sua nova e pragmática atitude.
Ela sabe que tem potencial humano para profundas dedicações, mas também já vivenciou, décadas a fio, tanta tristeza colada, como anémona, ao ser, que nunca mais vai querer recapitular essas periódicas e dolorosas urticárias.
Hoje, partindo de desejos mais terrenos, sorri aos caminhos que a sua emotividade continua a traçar e que, embora não a levem a lugares muito distantes, lhe trazem sempre a marca de impressões digitais...
Abrigada em gestos de grande autenticidade humana e, por isso mesmo, sem quaisquer promessas de utopias futuras, entrega-se à firmeza de mãos aromáticas - de mãos presentes!
3 Comentários:
Às 26 de novembro de 2006 às 21:06:00 WET ,
Anónimo disse...
Gostei muito, revi-me na causa e no efeito.
Mas ainda acredito que o desencontro não é inevitável.
O Cepticismo puro e duro, sem desfalecimentos, pode funcionar defensivamente, mas é castrador do sonho, dos sentimentos.
E precisamos tanto de ambos.
O Roberto Carlos dizia, antes de ser tão canastrão, que "se sorri ou se chorei? o que interessa é que sentimentos eu vivi".
Bjo, m/ dilecta amiga JLR
Às 27 de novembro de 2006 às 00:32:00 WET ,
Anónimo disse...
Para haver encontros, há que haver desencontros... Eles aparecem, sempre.
Às 27 de novembro de 2006 às 06:25:00 WET ,
ZOOM & PALAVRAS disse...
Não há dúvida de que o percurso que percorremos na vida nos pode conduzir a viver o momento presente sem promessas de futuro... como aconteceu com a Regina. Em certas circunstâncias, considero mesmo uma atitude de sabedoria. Porém, ainda acredito em sonhos de "amor eterno", de vida a dois sedimentada em projectos a longo prazo. Será, pois, por isso, que os "príncipes encantados" são cada vez mais difíceis de encontrar... mas sou apenas uma sonhadora, certo? Beijinho!
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