regina - nome de chocolate e de mulher

03 novembro, 2005

Galeria Privada

Regina salpicava-se de um invulgar amarelo, através de pequenas flores que eram pontos de aroma espalhados por dentro de si. Por osmose, o seu sorriso desfolhava-se em luz e em ousadias de futuro...
Lembra essa manhã de Fevereiro cinzento e vê-se a entrar, de soslaio, na energia de um homem vertical, tendo-o imediatamente querido em desejos de mulher suavemente despida...
Durante muito e muito tempo, foi-lhe chegando a voz masculina do homem firme, que ia inscrevendo palavras na sua imaginação de arrepios de pele tocada.
Até que, um dia, essa voz se aconchegou finalmente ao seu ouvido, por noites de lareira acesa em Novembro, com um corpo estranhamente trémulo e inseguro...
Depois, mais de mil dias se passaram, feitos de muitas visitas enfeitadas do cruzamento de palavras, onde o amor se articulava com a esperança e a alegria, ou com a incerteza e a mágoa...
Por fim, ele, no seu ofício de animar a pedra em formas de vida, e todo coberto com pó de granito, esculpiu-se perante ela, com olhos de pranto que inundaram o seu rosto, abrindo regatos de tristeza sobre a poeira da pele e abraçou-a com a autenticidade dos incomensuráveis momentos de vida; aqueles que Rodin já tinha, há muito, perpetuado...
E assim ficaram os dois, unidos para sempre, na sua galeria privada de afectos!

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