Alice
Alice no País das Maravilhas descobriu que a grande tarefa que a vida tem é a exploração do que é pequeno e grandiosamente minúsculo...
Dedicou-se, então, à enorme empresa de pintar, pintar, pintar, até as finas placas de marfim lhe fugirem das mãos e dos olhos. As suas miniaturas mostram a devoção pelo frágil e delicado, pelo que quase não se pode ver - ou quase se adivinha.
E correu mares e países, sempre com aquele gosto pela visão do que está perto do invisível.
No ano passado, em frio Inverno, embrulhou-se em manta de aconchego e... continuou a aquecer-se de tintas, pincéis e cor. Por percalço , tropeçou na quente, mas traiçoeira manta e... passou o seu Natal em desânimo de letargia, como trouxa inerte, acordando, adormecendo e desmaiando, sem que a providência terrestre lhe desse uma mão para se agarrar.
Desde então, deixou de estar sozinha - descansa agora em quase confortável cama e cadeira e cadeira e cama, com finas pernas de gelatina e uma enorme lucidez de ferro.
Não quer sons, não quer textos, não quer imagens, não quer nada!!!
Mas não resistiu à carícia de umas mãos que, a seu pedido, fizeram um trajecto de pele suada e cabelos macios, insistindo no gesto, sempre que os seus olhos se lhe fechavam, acompanhados de um balbuciar: - "É bom! É bom! É bom..."
E quando a doce Regina lhe acenou em incerto reencontro, saíram-lhe estas palavras: - "Sei que vais fazer um quadro da Alice mora aqui! E eu quero vê-lo; olha que eu quero vê-lo..."
Ela não sabe se todo o calor do próximo Verão será suficiente para lhe acalentar a paciência dos dias; mas sente que voltou a desejar qualquer coisa em forma de imagem, paradoxalmente grande - enorme, para que a sua vida caiba, em homenagem, inteira lá dentro.
Dedicou-se, então, à enorme empresa de pintar, pintar, pintar, até as finas placas de marfim lhe fugirem das mãos e dos olhos. As suas miniaturas mostram a devoção pelo frágil e delicado, pelo que quase não se pode ver - ou quase se adivinha.
E correu mares e países, sempre com aquele gosto pela visão do que está perto do invisível.
No ano passado, em frio Inverno, embrulhou-se em manta de aconchego e... continuou a aquecer-se de tintas, pincéis e cor. Por percalço , tropeçou na quente, mas traiçoeira manta e... passou o seu Natal em desânimo de letargia, como trouxa inerte, acordando, adormecendo e desmaiando, sem que a providência terrestre lhe desse uma mão para se agarrar.
Desde então, deixou de estar sozinha - descansa agora em quase confortável cama e cadeira e cadeira e cama, com finas pernas de gelatina e uma enorme lucidez de ferro.
Não quer sons, não quer textos, não quer imagens, não quer nada!!!
Mas não resistiu à carícia de umas mãos que, a seu pedido, fizeram um trajecto de pele suada e cabelos macios, insistindo no gesto, sempre que os seus olhos se lhe fechavam, acompanhados de um balbuciar: - "É bom! É bom! É bom..."
E quando a doce Regina lhe acenou em incerto reencontro, saíram-lhe estas palavras: - "Sei que vais fazer um quadro da Alice mora aqui! E eu quero vê-lo; olha que eu quero vê-lo..."
Ela não sabe se todo o calor do próximo Verão será suficiente para lhe acalentar a paciência dos dias; mas sente que voltou a desejar qualquer coisa em forma de imagem, paradoxalmente grande - enorme, para que a sua vida caiba, em homenagem, inteira lá dentro.
©reginachocolate