Prémio
Regina desconhecia que um computador lhe poderia dar um prémio - prémio esse que não era em dinheiro... Tanto melhor!
Nos seus contactos com o mundo, através da fantasia que a Internet lhe facultava, e no jogo das apostas que facilmente podia fazer, ganhou uma pessoa... Saiu-lhe um Jackpot de atenção, de aceitação de si, de ternura gratuita.
Como toda a gente que aposta neste jogo, também se iludiu com o usufruto do outro, pensando que era nele que estava o segredo de uma vida que passaria a ser vivida nos antípodas de qualquer frustração!
Que miopia fazem as emoções ao olhar - pensou...
Aquietou-se primeiro e depois rumou a Norte, sem desorientação... Nesta viagem que voltava a fazer, esperava-a um Porto com porto - para percorrer ribeiras e rios com foz feliz, porque sábia de passos seguros. Ia ela na sua grandiosidade interior que se afirmava em cada gesto cúmplice com o mundo; um mundo que agora surgia, não através da paixão, mas de uma partilha de existência passeada a dois, por todos os caminhos onde houver rios que correm por sua natureza e um regressar de si ao leito; um repouso a um, por dentro dela mesma, uma vez que sabia que a vida nem sempre pode dar, aos homens, fusões de Adão e Eva - por vezes, é apenas um paraíso sem perfeição, um paraíso terrestre, mas muito, muito, muito azul.