Onde a paixão se fez em verso
Mal entrou na Livraria Lello, no Porto, Regina sentiu que aquele era o lugar para dar palavra à sua paixão: o António! E estranhou como, em milhões de nomes iguais, havia o António, o seu António, que só conseguiu sentir seu por causa do sorriso que se corporizava em antúrios vermelhos.
Assim compôs o verso; assim lhe deu a rima assimétrica:
E o teu nome deslizava
Pelo contorno das palavras,
Dos livros,
Das enciclopédias onde sempre estás!
Viajava de texto em texto,
No lugar onde o amor se diz,
Onde ele mora,
Num colorido de ramo e de romã…
Habitava a cama das folhas
Espreguiçando, languidamente,
O seu corpo morno de madrugada.
Articulava-se em sílabas
Que se diziam
Em voz ociosa -
- Palavra em bocas de água
Matando a sede de manhãs de bruma.
E percorria o dia inteiro,
Estampando-se na pele das vogais,
Consoante a intensidade dos suspiros…
Pela noite dentro,
Dormitava no silêncio das prateleiras,
Folheando páginas e páginas
De dissonantes Ais!
Assim compôs o verso; assim lhe deu a rima assimétrica:
E o teu nome deslizava
Pelo contorno das palavras,
Dos livros,
Das enciclopédias onde sempre estás!
Viajava de texto em texto,
No lugar onde o amor se diz,
Onde ele mora,
Num colorido de ramo e de romã…
Habitava a cama das folhas
Espreguiçando, languidamente,
O seu corpo morno de madrugada.
Articulava-se em sílabas
Que se diziam
Em voz ociosa -
- Palavra em bocas de água
Matando a sede de manhãs de bruma.
E percorria o dia inteiro,
Estampando-se na pele das vogais,
Consoante a intensidade dos suspiros…
Pela noite dentro,
Dormitava no silêncio das prateleiras,
Folheando páginas e páginas
De dissonantes Ais!
Agora, de um tempo que passa, passa e vai passando, e com os ácaros penetrando o pó dos livros e esbatendo as memórias, as saudades metamorfosearam-se em necessidade de ar límpido, de ar futuro...
©reginachocolate