Perfume de mãos
Regina aqui está - instalada num presente que a continua a presentear com a possibilidade de diálogos afectivos...
Cada vez menos enceta monólogos de sensações, encostada à certeza de encontrar sempre eco para o suor das suas emoções mais recônditas.
Acaricia as mãos nuas de quem, com uma afectividade aberta à sua, lhe dá desafios de saborosa privacidade.
Ela, finalmente, aprendeu que, na sua vida, convém não acalentar a ideia de poder descobrir grandes amores; grandes e perpetuamente dedicados - não só porque eles talvez não existam mas, também, porque ela não os pode preservar.
Assim, segue em frente, partindo da surpresa do encontro e fruindo, passo a passo, o sempre provisório vínculo, até ao desencontro inevitável e real.
A vida, a longo prazo, deixou de fazer parte da sua nova e pragmática atitude.
Ela sabe que tem potencial humano para profundas dedicações, mas também já vivenciou, décadas a fio, tanta tristeza colada, como anémona, ao ser, que nunca mais vai querer recapitular essas periódicas e dolorosas urticárias.
Hoje, partindo de desejos mais terrenos, sorri aos caminhos que a sua emotividade continua a traçar e que, embora não a levem a lugares muito distantes, lhe trazem sempre a marca de impressões digitais...
Abrigada em gestos de grande autenticidade humana e, por isso mesmo, sem quaisquer promessas de utopias futuras, entrega-se à firmeza de mãos aromáticas - de mãos presentes!