regina - nome de chocolate e de mulher

30 abril, 2006

Fonte de Águas

Regina acordou com um corpo quase inerte dentro de si; estava a querer começar a regenerar-se de uma intoxicação de sonhos prematuros. Não queria, sequer, olhar a fonte das suas expectativas, pois ela era a origem enganadora dos seus sonhos... Jorrava sempre em demasia, deixando-a com a cabeça inundada de imagens de harmonia e céu. Mas tinha de o fazer.
Regina precisava de aprender, sendo essa a terapia de caldos de alma, que os sonhos não se devem viver ao contrário, por antecipação... Eles não podem ser a matéria-prima dos nossos desejos. Estes devem crescer, em dois seres, quando em ambos há uma justificação de pele; quando há uma osmose de poros e quando um olhar habita em outro olhar, abrindo janelas de possibilidades - só assim se tem direito ao sonho e ao dever de sonhar - principalmente acordado; porque só aí é legítimo... porque só aí se pode acreditar!
E Regina tinha o vício, mais do que o hábito, de pensar sem a cabeça no chão, na terra: sonhava, quando ainda não devia, e acabava por se ver obrigada a engolir, quase sempre, a fonte das suas expectativas, com água imprópria para consumo.
Quando é que ela se cansará de envenenar o presente com uma miopia sem futuro???
Isso é o que ela vai querer saber, para se saber mais cristalina.