regina - nome de chocolate e de mulher

24 fevereiro, 2007

A Cor do Riso e do Canto

Regina acordou a pensar, a sentir e a ver a preto e branco!
Olhava o mar, sonoro e matinal, salpicado de leve espuma branca, contrastando com as suas águas cinzentas que imergiam até às profundezas de tudo...
Na varanda de um hotel de praia, remexia as suas areias interiores, em pensamentos descoloridos e nada criativos.
E pensava como os dias podiam ser tão pouco luminosos, apesar das águas e mesmo com nuvens, que não eram suficientes para encobrir o sol, um sol de Fevereiro depois do Carnaval - céu de quaresma...
E, com esta referência, tão pouco a seu gosto, voou, como as gaivotas que à sua frente faziam acrobacias de elegância de asas, até à sua irrequietude de infância e pensou na então quase dor, quando lhe diziam que devia cantar tudo o que havia a cantar, antes que a quaresma chegasse. Depois disso, o recolhimento e o silêncio pautariam as suas partituras mudas. Tinha de ser assim.
Agora, que regressou a casa, ao seu mundo privado, vai sorrindo às areias que foram obstáculo à sua necessidade de querer ser sem deuses, sem morte e sem ressurreição.
Sacudindo mais um grão, aqui, mais um, acolá, começa a sentir um calor de faces, neste mundo sem cor que a acompanhou durante todo o seu extenso dia.
Tocando o rosto recolhe, na noite escura, dois focos de luz rosada e quente, testemunhas da possibilidade do riso, da liberdade de cantar todas as notas, nos seus milhares e milhares de combinações, até em plena quaresma!!!