"... e o Porto aqui tão perto!"
O branco da folha de papel à frente de Regina - silêncio! A atenção dada ao que ela quer dizer e não sabe.
Sente, isso sim, um peso acinzentado por sobre os seus ombros sólidos - ela tem andado num disfarce de ânimo e de boa disposição; mas a sua casa de afectos está oca... Tem-se ouvido, pelo cair do dia, uma ameaça de solidão que ela vai preenchendo com a cegueira de quem não quer olhar, mas vê!
Assim, neste sábado de tempo que passa mais devagar por tudo, ela assume um vazio de passado recente, que parecia de luz intensa, mas que se revelou extinto, mal começou a clarear...
Ainda há pouco tempo se ria, por dentro, da conversa sólida, partilhada e dos ritmos do desejo que saltitavam na sua pele macia, sempre disponível ao toque com sentido.
A sua casa está sombria, mesmo com um sol brilhante que entra por todas as janelas brancas e despojadas.
É tempo de um nada que Regina aqui e agora assume!
Colocada a tónica na ausência de cor, vamos lá, Regina, venha o som da tua gargalhada de alegrias de tudo; que emane a tua criatividade, que tão bem geres em quadrinhos quadradinhos de doçuras, porque mesmo que estejas quase morta neste pontual deserto, as paredes de uma afável galeria de arte, no Porto, vão ficar, muito em breve, ao alcance de uma exposição de ser - de tu seres...
Doçuras, chamar-lhe-ás! E onde lhe vais colocar a amargura? Em nenhum lugar...