regina - nome de chocolate e de mulher

08 dezembro, 2005

Lar

Regina segue os seus passos e diz-se: - Vamos!
Desce as escadas que a levam até a um esconderijo com lenha, lenha para se aquecer sem se queimar, e compõe um cesto de vime e de outono; carregada de esculturas numa aleatória Land Art, olha a sua casa do lado de fora e sorri à pequena luz acesa, presença da sua presença no lar. Pensa, então: - Estou em casa...
Sobe-se com pernas e braços que suportam a certeza de calor de toros, pinhas e fogo ancestral e repousa, já porta dentro, aquietando músculos e órgãos, surpreendidos com uma carga quase insustentável...
Passa então a misturar o cheiro da lareira com o som do Gloria de Vivaldi e atarefa-se nessa empresa de sinestesias, não vão as suas incompreensíveis sinapses pregar uma partida ao festim sóbrio que agora prepara.
Aquecida com a temperatura rubra dos sons, aconchega-se em si própria, dando-se as mãos, a sua mão direita e a sua mão esquerda, que se unem com pressa, mas nunca em prece...